O constante Nascer e Morrer

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Incrível como entender alguns pontos da ciência pode ajudar a resolver os piores problemas. Para quem tem um lado espiritual/religioso bem desenvolvido, esse texto talvez não sirva de nada. Mas para quem, como eu, é cético, tem pensamento crítico e quer saber das coisas como elas são cientificamente, pode ser interessante.

Steve Grand, em “Creation: Life and how to make it” [Criação: vida e como fazê-la] convida o leitor a pensar:

“numa experiência de sua infância. Alguma coisa de que você se lembre bem, alguma coisa que você consiga ver, sentir, talvez até cheirar, como se estivesse mesmo lá. Afinal de contas, você estava mesmo lá naquela época, não estava? Senão, como iria lembrar? Mas aqui vem a bomba: você não estava lá. Nem um único átomo que está em seu corpo hoje estava lá quando aquilo aconteceu […] A matéria flui de lugar para lugar e por um instante reúne-se para formar você. O que quer que você seja, portanto, você não é aquilo de que é feito. Se isso não faz você sentir um calafrio na espinha, leia de novo até que faça, porque isso é importante.”

Richard Dawkins menciona, sobre a citação acima:

“Alguns podiam contestar a verdade literal da afirmação de Grand, por exemplo no caso de moléculas de ossos. Mas o espírito dela com certeza é válido. Você é mais onda que “coisas” materiais estáticas.”

O que Dawkins quer dizer com “você é mais onda”, se refere a alguns conceitos de física que tornariam este texto demasiado longo, e não quero fugir do foco, que é apenas falar sobre o constante Nascer e Morrer, e como saber isso pode ajudar na vida. Mas então, como saber isso pode ajudar na vida?

Vamos usar, apenas como exemplo, um grande problema do ser humano: a superação de um amor perdido.

Você ama alguém? Tem certeza? O que é “amar” pra você? Imagine uma pessoa que você nunca namoraria, devido a quaisquer defeitos – vou falar em termos de “pessoa” pra servir pra ambos os sexos. Agora imagine pegar os piores defeitos (físicos ou não) desta pessoa e adicionar em sua “pessoa amada”. Você ainda a amaria e a trataria do mesmo modo?

O fato importante aqui é que sua resposta de hoje, para qualquer das perguntas acima, não necessariamente é a mesma de amanhã. Porque a pessoa que você começou a namorar, que tinha aquele amor forte, insuperável, inacabável, morreu.

Agora, não triste por ter perdido “o amor de sua vida”, lembre-se, sua vida hoje não é a mesma de ontem. A pessoa por quem você se apaixonou era outra. E a pessoa que se apaixonou não era você, era também outra pessoa (você é outra pessoa hoje). Não fique guardando pra você as mágoas dos outros – ou seja, “daquele que você foi um dia”. Sobre precisar de alguém, já disse John Lennon:

“Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.”

O mesmo vale para algum trauma ou qualquer lembrança que ainda hoje lhe perturbe. Richard Dawinks menciona que:

“podemos obter consolo ao descobrir uma nova forma de pensar numa situação. Um filósofo ressalta que não há nada de especial no momento em que um velho morre. A criança que ele um dia foi “morreu” há muito tempo, não por deixar repentinamente de viver, mas por crescer. Cada uma das sete idades shakespearianas do homem “morre” ao transformar-se lentamente na próxima.”

Você é o que você é hoje, e não o que você foi. A cada dia que você acorda, lembre-se do que o “você” de ontem fez, as memórias dele(a) estão com você, tire apenas o que você puder tirar de aprendizado, não perca tempo se lamentando pelos erros do “você” de ontem. Não crie novos problemas, desmotivação, traumas, depressão, ou qualquer sentimento ruim por algo que já passou, e que nem foi com você (é, eu sei, essa afirmação pode ser usada de forma errada por gente mal intencionada, mas não é nosso caso).

Essa história de “memória de outro” me lembrou Anjos da Noite. Um bom filme… :)

Mas voltando, a citação já é batida, mas vou insistir nela:

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin)

Lembre-se que o “você” de amanhã vai querer boas notícias, ele não vai querer saber que você passou um dia perdido. Ele vai te perguntar “O que você fez ontem? O que adicionou de bom a nossa memória? O que aprendemos ontem? Quais lembranças felizes temos para guardar de ontem? Você leu mais uma página daquele livro? Ou chegou em casa e ficou assistindo os comerciais da TV de novo?”. E lembre-se que, quando você acordar, já não é você quem passou o dia de ontem perdido, você é alguém novo com uma vida pela frente! Então aproveite o aprendizado e bola pra frente! O show não pode parar!

Pra quem quiser entender melhor o lado científico, sugiro a leitura do livro “O gene egoísta” de Richard Dawkins, que explica sobre o gene e a evolução, e depois “Deus, um delírio” também de Richard Dawkins, onde, no último capítulo, ele explica sobre as belezas da ciência. Se você não se interessar, devido a questões religiosas, sugiro a leitura da Bíblia. A leitura completa da Bíblia é o primeiro passo para um religioso se tornar bright.

“Que ela nunca acontecerá de novo. É o que torna a vida tão bela” (Emily Dickinson)

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